O Coração



O meu coração.
Segui em frente, sem a companhia do coração e de quem morava nele antes disso tudo acontecer.
Fui deixando a rotina tomar conta e percebi que não haveria espaço para mais nada parecido na minha vida: dei a liberdade de esquecer tudo que fosse relacionado ao amor.
Dessa forma, consegui viver bem melhor, acredito eu.
Porque deixar ele lá, sem tentar reconstituir o que houve ou arranjar o que há muito não teria mais conserto, minimizei as marcas dentro de mim. 
Apaguei as lembranças. 
Só ficou o vazio.
A parte má é que esqueci como era amar.
Não queria mais saber destas coisas e não procurei ter isso de volta. 
É sério, até evitei! Até que, em algum momento, percebi que ele estava atrás de mim.
 Uma nova pessoa, um outro alguém e uma história fresca, querendo começar. 
Estaria eu pronta para ser protagonista disso tudo?
Tive que tomar uma decisão: eu sabia que, se me abrisse, ele me arrebataria por inteira e tomaria, novamente, cada pedacinho de mim. E não é fácil . 
Eu não queria sentir desamor e desilusão de novo e não podia correr este risco mais uma vez.
 Só que, então, aconteceu algo que mudou tudo.
Dei conta de que não dá para deixar o conveniente se apossar da gente. 
Ser precavida demais, no final das contas, é se trancar numa gaiola que não te deixa viver.
E, no fundo, bem lá no fundo, este tipo de vida não estava mais a caber dentro de mim: me sentia um pouco enclausurada nas paredes que eu mesma ergui.
 Saí da minha antiga situação como quem se acostuma a um novo ambiente. 
Não tinha como deixar passar o frio na barriga que isso trazia, mas a sensação era boa – e, de certa forma, diferente daquela última vez. 

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